Tomé em Grande



Com Bruno Simões, Manuel Sá Pessoa e Sandra Barata
Texto e encenação: Eduardo Rui Alves
Direcção de actores: Bruno Simões.
Música: Francisco Henriques
Cenários: Romi Vagos,
Figurinos: Zé Nova
Luminotécnica e Sonoplastia: Carlos Arroja

Informações e Reservas:
Tel.: 21 342 01 36 | Fax: 21 343 07 46
Telem.: 96 188 04 01



Dossiê escolas


A Aventura do Tomé

Tomé em Grande é a terceira e última peça de uma trilogia de textos à volta do Tomé, uma personagem de um livro de histórias infantis.
“A Escolha de Tomé” estreou em Março de 2002, no Teatro Municipal Maria Matos, seguindo-se em Dezembro do mesmo ano a estreia de “A Viagem de Tomé” no Teatro Há-de-Ver. Em Dezembro de 2005 estreia no Teatro Camões o espectáculo “Tomé em Grande”, reposto no Teatro da Politécnica, em Dezembro de 2007.
Ao longo das duas primeiras peças, esta personagem, inesperadamente, encontra-se com o Narrador da sua história e confronta-se com a impossibilidade de concretizar o seu grande sonho: ser pastor e ser bombeiro. Na verdade, na história do livro onde era personagem, Tomé nunca seria pastor nem bombeiro, pois a história tinha outro fim.
Através do Narrador, Tomé fica a saber que só poderá concretizar o seu sonho no Mundo das Pessoas Verdadeiras, ou seja Tomé teria de tornar-se uma pessoa verdadeira e deixar de ser personagem.
Nos dois primeiros espectáculos, Tomé confronta-se com várias provas para conseguir tornar-se pessoa. Neste último texto, Tomé chega finalmente ao Mundo das Pessoas Verdadeiras e encontra uma companheira, a Sara, e juntos vão descobrir-se e crescer como pessoas.
Em todas as peças, Tomé confronta-se com a necessidade de escolher e de decidir. São os momentos altos em que o público é chamado a participar. Em “Tomé em Grande”, a participação vai mais longe, pois as crianças sobem ao palco e participam como actores, constituindo um delicioso atractivo, quer para os que participam, quer para os espectadores.

A CASSEFAZ Sub/21


Porque os espectáculos infantis e juvenis são de extrema importância para a correcta formação dos futuros espectadores e cidadãos, a produtora Cassefaz criou em 1994 o Grupo Cassefaz Sub/21 que, desde aí, trabalha cuidadosamente os espectáculos para a infância e para a juventude. Porque atento e especializado no acompanhamento dos públicos infantis e juvenis, há uma crescente preocupação com a qualidade dos textos e com o profissionalismo da encenação e da interpretação. Sem nunca esquecer o lado lúdico do espectáculo, combinando qualidade com prazer.
Assim registamos um conjunto de espectáculos que foram cada qual um interessante sucesso de público e de crítica: Branca de Neve e os 5 Anões, Maldita Borbulha, O Rapto de Madonna, As Barcas-Viagens de Vida e de Morte, A Escolha de Tomé, A Viagem do Tomé, A Caminho da Comilónia, Vanessa vai à Luta e Tomé em Grande!
Para lá da produção de espectáculos de teatro, o Grupo Cassefaz Sub/21 promove desde 1999, ano em que assumiu a gestão do Teatro Maria Matos, diversos workshops e ateliês de expressão dramática, destinados à sensibilização das crianças e dos jovens para o teatro, bem como à descoberta de novas vocações.

O Autor

Com uma licenciatura em Ensino de Biologia e Geologia, Eduardo Rui Alves professor do 2º ciclo no ensino oficial, desde 1990.
É professor na Escola Básica e Integrada com Jardim de Infância D. Carlos I, em Sintra.
Trabalha com crianças dos 9 aos 13 anos, mas já leccionou em Educação para Adultos.
Actualmente coordena o Projecto de Educação Sexual e preside à Assembleia de Agrupamento, um órgão de gestão e administração, representativo da comunidade escolar.
Nasceu em Ponta Delgada, ilha de S. Miguel, Açores, residindo em Sintra desde 1992.
Desde há alguns anos, Eduardo Alves interessa-se pelas narrativas tradicionais e pelos contos para crianças, como forma de abordar a Educação para os Valores. Este interesse leva à escrita e encenação de teatro infantil desde o ano de 2000.
1999 – Autor do guião para a animação “O Palácio da Banda Desenhada” para a Bedeteca de Lisboa.
2002 – Autor e encenador da peça teatral para crianças “A Escolha do Tomé” estreado a 3 de Março no Teatro Maria Matos - Lisboa
2002 – Autor e encenador da peça teatral para crianças “A Viagem do Tomé” estreado a 2 de Dezembro no Teatro Há-de-Ver – Lisboa.
2004 – Autor e encenador da peça teatral para crianças “A Caminho da Comilónia” estreado a 12 de Novembro a bordo de um autocarro em andamento no Parque Florestal do Monsanto – Lisboa.
2005 – Autor e encenador da peça teatral para crianças “Tomé em Grande” estreado a 8 de Novembro no Teatro Camões – Lisboa.

A Crítica

“A Escolha de Tomé”
"Espectáculo inteligente e sem moralismos, constitui um exemplo de criatividade ao nível do texto, de diversão para todas as idades, de interpretações bem humoradas e competentes."
Ana Pais, Semanário Expresso
Revista Actual
"Em Março de 2002 a peça "A Escolha do Tomé" estreava no Teatro Maria Matos. O sucesso foi tal que o autor e encenador Eduardo Alves decidiu actualizar o texto, cenário e figurinos. Nasce o espectáculo interactivo cujo percurso e o final da história é decidido pelas crianças."
Revista Visão 7
“A Viagem do Tomé”
"Espectáculo divertido e inteligente, "A Viagem do Tomé" cruza elementos dos contos tradicionais com um apelo à interactividade."
Ana Pais, Semanário Expresso
Revista Actual
“Tomé em Grande!”
“Toma Lá Grande Tomé! É senso comum que as crianças são o público mais honesto do mundo, porque não têm problemas em estrebuchar e desertar da sala quando a acção no palco os aborrece. Mas não deverá ser essa a reacção dos mais novos ao assistirem ao “Tomé em Grande!”, o último da trilogia de espectáculos onde os mais novos participam, opinam e ajudam na tomada de decisões.”
Bernardo Mendonça, Semanário Expresso
Revista Actual

A história de "TOMÉ EM GRANDE"

"TOMÉ EM GRANDE" começa a partir do final do espectáculo anterior "A VIAGEM DO TOMÉ".
Tomé já chegou ao Mundo das Pessoas Verdadeiras e está decidido a concretizar o seu grande sonho: ser pastor e bombeiro.
Ao longo da história, Tomé vai descobrir, com a ajuda de uma Figura Mistério e de uma amiga chamada Sara, uma rapariga de ar decidido, que vive num circo e quer ser domadora de leões e por quem Tomé se vai apaixonar, que o mais importante no mundo é a ligação que se estabelece com as pessoas.
A interacção com o Público será uma constante, as crianças vão ajudar nas decisões que Tomé terá de tomar, votando com uma bandeira ao longo da peça e ainda subindo ao palco para se tornarem os soldados de um rei ou os velhinhos que vão cozinhar uma sopa deliciosa.
Este novo espectáculo do Tomé vem mais uma vez dar ênfase às questões do Desenvolvimento Pessoal e Social no âmbito da problemática da tomada de decisões, mas agora dando destaque às questões da afectividade ligadas à Educação Sexual e Afectiva.

Outros Mundos

O Tomé vivia no Mundo da Imaginação, onde era sempre Primavera e nunca fazia muito frio nem muito calor. Pelo contrário, no Mundo das Pessoas Verdadeiras, o calor e o frio podem ser extremos, há fome e sede, mas também há coisas maravilhosas como o pôr-do-sol ou as mãos quentes das pessoas.
Introduz-se aqui uma ideia recorrente na literatura infantil ou mesmo na ficção científica: o conceito de universos ou mundos paralelos. Aqui, o Mundo da Imaginação, é um universo paralelo, habitado por todas as personagens que ao longo dos séculos foram inventadas, pela imaginação humana.
A ficção científica sempre utilizou estes conceitos como ponto de partida para inúmeras ficções. Portas para outros universos... A existência de outros universos, outros mundos.
Já Lewis Caroll em "Alice no país das Maravilhas" propõe um espelho como porta para um outro mundo, diríamos um outro universo.
O filme "Matrix" propõe a existência de um mundo virtual, mas com uma base tecnológica. Com efeito, milhões de seres humanos estão adormecidos, e ligados a um enorme computador que introduz nas mentes de cada ser humano uma consciência.
Um outro filme muito curioso, "Monstros e Companhia", propõe a existência de um mundo de Monstros acessível ao abrir da porta do armário que cada criança tem no quarto.
Jostein Gaarder introduz no seu livro "O Mundo de Sofia" a existência de um mundo onde habitam todas as personagens, o mundo do "povo invisível":
"- Bem vindos à eternidade, meus filhos! [...] Eu venho de um conto dos irmãos Grimm. Foi escrito há mais de cento e cinquenta anos. E de onde vêm vocês?
- Vimos de um livro de filosofia. Eu sou professor de filosofia e Sofia é a minha aluna.
[...] Pouco depois chegaram a uma clareira. Aí, havia várias casinhas castanhas acolhedoras. Uma grande fogueira de S. João ardia num largo entre as casas e à volta da fogueira dançavam figuras coloridas. Sofia reconheceu muitas delas. Viu Branca de Neve e alguns dos anões, João Ratão e Sherlock Holmes. Viu
também o Capuchinho Vermelho e Cindarela. Em redor da grande fogueira tinham-se reunido também muitas figuras conhecidas que não tinham nome: duendes e sílfides, faunos e bruxas, anjos e diabinhos. Sofia encontrou inclusivamente um gigante autêntico.
[...] Sofia reparou então que todas as casinhas eram feitas de maçapão, caramelo e calda de açúcar. Algumas das figuras roíam as casinhas, mas uma padeira andava entre os edifícios reparando de quando em quando os danos. Sofia retirou um pedaço de um canto. Era mais doce e melhor do que tudo o que já tinha provado."

in "O Mundo de Sofia" de Jostein Gaarder (1995)

O Mundo do Tomé

Nos espectáculos do Tomé propõe-se que ele habite no Mundo da Imaginação. Nele co-existem todos os personagem de todas as histórias inventadas e já contadas. Será um mundo ou um universo paralelo.
Propõe-se também que entre o nosso universo e o Mundo da Imaginação existem várias portas. Um livro aberto pode ser o ponto de passagem para este mundo das personagens. O porteiro, o guardião, será o Narrador. Um palco poderá ser outra porta de entrada ou um écran de cinema.
Ao cair da noite e ao adormecermos, podemos através dos sonhos, entrar neste mundo. As personagens não podem sair. Só em circunstâncias muito especiais.

Os contos do Tomé

Em todos os textos do Tomé há referências a contos tradicionais. Nesta terceira peça, surgem referências mais ou menos explícitas ao “Frei João Sem Cuidados” à “Sopa de Pedra” e à “Gata Borralheira”.

Abrir um livro

No “Tomé” propõe-se que o abrir de um livro seja o entrar no Mundo da Imaginação, um universo paralelo ao nosso quotidiano.
Neste sentido “Tomé em Grande”, serve como dispositivo motivacional para propor aos nossos alunos a entrada no Mundo da Imaginação através do simples abrir de um livro e da descoberta das personagens de qualquer ficção. Poderá ser um interessante incentivo à leitura. Outra proposta de trabalho será pedir aos alunos que indiquem personagens deste Mundo da Imaginação ou que descrevam através de desenhos ou de pequenos textos, a vida ou o quotidiano destas personagens.
Que dirá a Branca de Neve ao encontrar-se com o Homem-Aranha? Será a Bruxa Má amiga do Lobo Mau?

Tomar decisões (1)

O desenvolvimento de competências pessoais e sociais está presente, como imperativo de base em toda a formação familiar e escolar.
“Tomé em Grande” pode aqui também servir de ponto de partida para diversas actividades no âmbito do desenvolvimento pessoal e social, que girem à volta da tomada de decisões.
O público vota
Um dos aspectos talvez mais interessantes do “Tomé” é o facto de ao longo do espectáculo a personagem principal ter de tomar decisões, ou seja ter de optar entre seguir um percurso ou outro, entre fazer ou não fazer, agir desta ou daquela forma. Nestes momentos, Tomé pede a opinião dos espectadores que votam através de um cartão com diferentes cores em cada face.

Tomar decisões (2)

Faz o que quiseres
Em “Tomé em Grande” surge a expressão “Faz o que quiseres”, contrapondo-se que “Tudo tem consequências”.
Este conceito - faz o que quiseres foi inspirado numa citação de “Gargântua e Pantagruel” de François Rabelais.
“Os congregados de Thélème empregavam a sua vida não a ater-se a leis, regras ou estatutos, mas a cumprir a sua vontade e livre arbítrio. Levantavam-se da cama quando bem lhes parecia, e bebiam, comiam, trabalhavam e dormiam quando sentiam desejo de o fazer. Ninguém os despertava ou os forçava nem a beber, nem a comer, nem a nada.
Assim o dispusera Gargântua. A única regra da ordem era esta: Faz o que quiseres
E era assisada, porque as pessoas livres, bem-nascidas e bem-educadas, quando tratam com gente honrada, sentem por natureza o instinto e o impulso de fugirem do vício e de se aterem à virtude. E é a isso que chamam honra.
Mas quando as mesmas pessoas se vêem refreadas e coagidas, tendem a revoltar-se e a quebrar o jugo que as esmaga. Pois todos tendemos sempre a buscar o proibido e a cobiçar o que nos foi negado” (François Rabelais, Gargântua e Pantagruel)

Tomar decisões (3)

Filosofia para Crianças e Jovens
Em “Ética para um Jovem” de Fernando Savater parte desta ideia e utiliza a história bíblica de Jabob e Esaú e do prato de Lentilhas. (ver texto em Anexo 1) como ponto de partida para reflectirmos sobre aquilo que realmente “queremos”. Em “Tomé em Grande”, Tomé tem que optar entre um pequeno-almoço e a concretização dos seus sonhos. Este tipo de situações, dilemas morais, pode ser de grande interesse para colocar aos alunos de todas as idades. Saveter analisa estas questões numa linguagem adequada a adolescentes, mas questões semelhantes podem ser colocadas a outras idade como surge na colecção “Filosofia para Crianças”.
São diversos livros da autoria de Brigitte Labbé e Michel Puech que analisam diversas questões como “O Bem e o Mal” a “Violência e a Não-Violência” numa linguagem adequada para crianças. Brigitte dedica-se à escrita e ao trabalho com crianças no âmbito da Filosofia para crianças. Michel é professor de Filosofia na Universidade de Paris-Sorbonne. Esta abordagem da Filosofia para Crianças vem já desde a década de 70, sendo um dos percursores Matthew Lipman, autor de diversos trabalhos e de propostas muito curiosas.

Educação Sexual

De acordo com as directrizes do Ministério da Educação, a Educação Sexual surge no contexto da Educação para a Saúde em Meio Escolar e visa a prevenção de comportamentos de risco e a promoção e protecção da saúde. De acordo com alguns estudos ( ) os programas preventivos bem sucedidos são aqueles que incluem a promoção de competências pessoais e sociais das crianças e adolescentes, nomeadamente em termos de comunicação e desenvolvimento da capacidade de decisão. Estes aspectos são também comuns a qualquer programa que vise globalmente o desenvolvimento pessoal e social.


As meninas não podem ser domadores de leões
O texto do Tomé remete-nos directamente para algumas questões relacionadas com a Educação Sexual, nomeadamente os papéis atribuídos socialmente a cada sexo.
Quando Tomé diz que as “Meninas não podem ser domadoras de leões” está a reproduzir o estereótipo de que há profissões que só podem ser desempenhadas por um dos sexos. Esta temática continua a ter uma grande actualidade e é importante suscitar este debate mesmo entre crianças da idade pré-escolar.
Esta frase do Tomé poderá servir de mote para um jogo em que os alunos decidem se uma dada profissão pode ser desempenhada por homens ou por mulheres e porquê. Um debate com os alunos é sempre enriquecedor, concluindo-se muitas vezes que será provavelmente indiferente ser-se homem ou mulher para desempenhar qualquer profissão.
Outro tipo de actividades, sobretudo para mais novos, poderá ser discutir quais os trabalhos domésticos que poderão ser efectuados pelo pai, pela mãe ou até pelos filhos.

As meninas são sensíveis
Outra questão interessante será analisar o que distingue o homem da mulher em termos comportamentais ou emocionais. O debate é muito curioso e cheio de surpresas quando proposto a crianças mais novas. Será que apenas as meninas é que são sensíveis? Apenas os rapazes é que são fortes?

Dossiê escolas

O Tomé disponíbiliza um dossiê dedicado às escolas com os seguintes temas:

Introdução 
A Aventura do Tomé 
A CASSEFAZ Sub/21 
O Autor 
A Crítica 
“A Escolha de Tomé” 
“A Viagem do Tomé” 
Tomé em Grande! 
Outros Mundos 
O Mundo do Tomé 
Os contos do Tomé
Abrir um livro 
Tomar decisões 
O público vota 
Faz o que quiseres 
Filosofia para Crianças e Jovens 
Educação Sexual 
As meninas não podem ser domadores de leões 
As meninas são sensíveis 

Anexo 1 - Buracos Negros

Várias evidências parecem apontar para uma explosão inicial - o Big Bang - que daria origem ao nosso universo. Seria um impulso inicial de onde toda a matéria surgiria. Desta explosão a surgiriam as partículas que constituem a matéria. Com o impulso desta explosão, e em alguns pontos deste universo, átomos de hidrogénio chocariam entre si, com energia suficiente para fazer surgir uma estrela. Sabemos hoje que as estrelas nascem, vivem e morrem.
Uma das evidências que poderá confirmar a tese do Big Bang é o facto de todas as estrelas do Universo estarem ainda a afastarem-se umas das outras, como se o Universo estivesse em expansão. Uma imagem normalmente utilizada é a do balão que continua a encher-se de ar, fazendo com que todas as partículas se afastem umas das outras.
Este é o nosso Universo. Supõe-se que terá um limite tal como o balão. Haverá outros Universos?
Newton definiu matematicamente a força da gravidade que existe entre dois corpos no espaço. Esta força, faz com que um corpo de maior massa possa atrair a si outro corpo de massa inferior. É o que se passa com a Terra que atrai a Lua.
Einstein corrigiu alguns aspectos da Teoria da Gravidade de Newton. Este cientista utilizou uma imagem diferente para descrever a gravidade.
Segundo ele a gravidade de um corpo no espaço provoca uma deformação neste mesmo espaço. Seria esta deformação que faria com que outro corpo, de massa menor, fosse atraído para o corpo de superior massa.
Muitos anos antes da sua observação, os astrofísicos conseguiram prever a existência de buracos negros. Na sua origem estariam estrelas que devido a um colapso da sua massa passaram a exercer à sua volta uma enorme força de gravidade. Uma gravidade tão elevada que atrairiam a própria luz. Segundo a imagem de Einstein, um corpo nesta circunstâncias provocaria uma deformação tal no espaço, que formaria um autêntico buraco.
Seria um buraco no espaço, um buraco no Universo. Poderia ser uma porta de saída no Universo. E de saída para onde? Para outro Universo?

Anexo 2 - Jacob e Esaú

“No primeiro dos livros da Bíblia, o Génesis, conta-se a história de Esaú e Jacob, filhos de Isaac. Eram irmãos gémeos, mas Esaú fora o primeiro a sair do ventre da mãe, o que lhe concedia o direito de primogenitura: ser primogénito naqueles tempos não era coisa de somenos importância, porque significava a sorte de se herdarem as posses e privilégios do pai. Esaú gostava de ir à caça e de andar em busca de aventuras, enquanto Jacob preferia ficar em casa, confeccionando de quando em vez algumas delícias culinárias. Um dia, Esaú voltou do campo cansado e faminto. Jacob preparara um suculento guisado de lentilhas, e o irmão, só de sentir o aroma do cozinhado, ficou cheio de água na boca. Apeteceu-lhe intensamente comer aquele prato e pediu a Jacob que o convidasse. O irmão cozinheiro disse-lhe que o faria com muito gosto, mas não grátis, mas, antes, em troca do direito de primogenitura. Esaú pensou: “Agora o que me apetece são as lentilhas. A herança do meu pai é para daqui a muito tempo. Quem sabe? Talvez eu morra até antes dele!” E acedeu a trocar os seus futuros direitos de primogénito pelas saborosas lentilhas do presente. Deviam ter um cheiro esplêndido aquelas lentilhas! Não é preciso dizer-te que mais tarde, com a pança já cheia, Esaú se arrependeu do mau negócio que tinha feito, o que provocou bastantes problemas entre os dois irmãos (deixa-me confessar-te com o devido respeito que sempre tive a impressão de que Jacob era um pássaro de alto lá com ele). Mas se queres saber como acaba a história, podes ler o Génesis. Para o que aqui nos interessa exemplificar, basta o que te contei.”
(Ética para um Jovem; Fernando Savater; Editorial Presença; pp. 54)



“Nós, seres humanos, queremos às vezes coisas contraditórias, que entram em conflito umas com as outras. É importante sermos capazes de estabelecer prioridades e de impor uma certa hierarquia entre o que me apetece no imediato e aquilo que, no fundo, a longo prazo, quero. Quem o não perceber à primeira, pode perguntar a Esaú...
Nesta história da Bíblia há um pormenor importante. O que determina Esaú a escolher o guisado presente e a renunciar à herança futura é a sombra da morte ou, se preferes, o desânimo produzido pela brevidade da vida. “Como sei que vou morrer seja como for e talvez antes do meu pai... para que me incomodarei a dar voltas para descobrir o que me convém? Agora quero as lentilhas e amanhã estarei morto, de modo que venham as lentilhas e acabou-se!” é como se a certeza da morte levasse Esaú a pensar que a vida já não vale a pena, que tudo vem a dar no mesmo. Mas o que faz com que tudo venha a dar no mesmo não é a vida, mas a morte. Repara: por medo da morte, Esaú decide viver como se já estivesse morto e tudo fosse a mesma coisa. A vida é feita de tempo, o nosso presente está cheio de recordações e esperanças, mas Esaú vive como se para ele já não houvesse outra realidade a não ser o aroma das lentilhas que lhe chega agora mesmo ao nariz, sem ontem nem amanhã. Mais ainda: a nossa vida é feita de relações com os outros – somos pais, filhos, irmãos, amigos ou inimigos, herdeiros ou herdados, etc. -, mas Esaú decide que as lentilhas (que são uma coisa, não uma pessoa) contam mais para ele do que esses vínculos com os outros que o fazem ser quem é. E então surge uma pergunta: realiza Esaú realmente o que quer ou será a morte que o tem como que hipnotizado, paralisado, mutilando o seu querer?”
(Ética para um Jovem; Fernando Savater; Editorial Presença; pp. 55-56)