Outros Mundos

O Tomé vivia no Mundo da Imaginação, onde era sempre Primavera e nunca fazia muito frio nem muito calor. Pelo contrário, no Mundo das Pessoas Verdadeiras, o calor e o frio podem ser extremos, há fome e sede, mas também há coisas maravilhosas como o pôr-do-sol ou as mãos quentes das pessoas.
Introduz-se aqui uma ideia recorrente na literatura infantil ou mesmo na ficção científica: o conceito de universos ou mundos paralelos. Aqui, o Mundo da Imaginação, é um universo paralelo, habitado por todas as personagens que ao longo dos séculos foram inventadas, pela imaginação humana.
A ficção científica sempre utilizou estes conceitos como ponto de partida para inúmeras ficções. Portas para outros universos... A existência de outros universos, outros mundos.
Já Lewis Caroll em "Alice no país das Maravilhas" propõe um espelho como porta para um outro mundo, diríamos um outro universo.
O filme "Matrix" propõe a existência de um mundo virtual, mas com uma base tecnológica. Com efeito, milhões de seres humanos estão adormecidos, e ligados a um enorme computador que introduz nas mentes de cada ser humano uma consciência.
Um outro filme muito curioso, "Monstros e Companhia", propõe a existência de um mundo de Monstros acessível ao abrir da porta do armário que cada criança tem no quarto.
Jostein Gaarder introduz no seu livro "O Mundo de Sofia" a existência de um mundo onde habitam todas as personagens, o mundo do "povo invisível":
"- Bem vindos à eternidade, meus filhos! [...] Eu venho de um conto dos irmãos Grimm. Foi escrito há mais de cento e cinquenta anos. E de onde vêm vocês?
- Vimos de um livro de filosofia. Eu sou professor de filosofia e Sofia é a minha aluna.
[...] Pouco depois chegaram a uma clareira. Aí, havia várias casinhas castanhas acolhedoras. Uma grande fogueira de S. João ardia num largo entre as casas e à volta da fogueira dançavam figuras coloridas. Sofia reconheceu muitas delas. Viu Branca de Neve e alguns dos anões, João Ratão e Sherlock Holmes. Viu
também o Capuchinho Vermelho e Cindarela. Em redor da grande fogueira tinham-se reunido também muitas figuras conhecidas que não tinham nome: duendes e sílfides, faunos e bruxas, anjos e diabinhos. Sofia encontrou inclusivamente um gigante autêntico.
[...] Sofia reparou então que todas as casinhas eram feitas de maçapão, caramelo e calda de açúcar. Algumas das figuras roíam as casinhas, mas uma padeira andava entre os edifícios reparando de quando em quando os danos. Sofia retirou um pedaço de um canto. Era mais doce e melhor do que tudo o que já tinha provado."

in "O Mundo de Sofia" de Jostein Gaarder (1995)

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